A cultura alimentar paraense, enraizada na riqueza dos rios amazônicos, ganha força também com o crescimento da aquicultura. No Pará, a produção aquícola triplicou em uma década, saltando de 5,1 mil toneladas em 2013 para 16,3 mil toneladas em 2023, com destaque para municípios como Altamira, que se consolida como um polo estratégico do setor. Os dados do Boletim da Agropecuária 2024, da Fapespa, revelam não apenas o potencial econômico da atividade, mas também o papel de cidades como Altamira nesse cenário de expansão.

Altamira no Topo da Produção Aquícola
Entre os maiores produtores do estado, Altamira ocupa a 4ª posição, com 900 toneladas de pescado cultivado em 2023. Localizada às margens do Rio Xingu, a cidade aproveita sua localização privilegiada e recursos hídricos abundantes para impulsionar a criação de espécies como o tambaqui, líder absoluto na produção paraense (56,8% do total). O município também contribui para a diversificação da cadeia, com participação no cultivo de tambacu, tilápia e outras espécies nativas.

Apesar de não figurar entre os maiores exportadores, Altamira se destaca na estrutura econômica do setor: está entre os 10 municípios com mais estabelecimentos formais ligados à pesca e aquicultura, concentrando negócios comerciais, agropecuários e industriais. Em 2023, a cidade registrou estabelecimentos dedicados à preservação e comercialização de pescado, reforçando sua integração na cadeia produtiva.

Crescimento Sustentável e Vocação Natural
O sucesso de Altamira reflete a combinação entre políticas públicas, como o Plambio (Plano de Incentivo à Aquicultura e Pesca), e condições naturais favoráveis. A espécie tambaqui, preferência nacional e internacional, encontra no município um ambiente ideal para cultivo, aliando produtividade e sustentabilidade. Como explica Márcio Ponte, diretor do estudo da Fapespa: “A aquicultura paraense dialoga com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 14, que prevê a conservação dos ecossistemas aquáticos”.

Dados que Impulsionam o Futuro

• Produção estadual: O Pará responde por 2,1% da produção nacional de pescado cultivado, com crescimento médio de 15,7% ao ano.
• Altamira em números: 900 toneladas produzidas em 2023, posicionando o município como um dos pilares da aquicultura regional.
• Economia diversificada: Com estabelecimentos comerciais e industriais, Altamira fortalece a cadeia do pescado, desde a criação até a comercialização.

Perspectivas
O presidente da Fapespa, Marcel Botelho, ressalta que o apoio a municípios como Altamira é essencial para consolidar o Pará como líder nacional: “Investimentos em infraestrutura e tecnologia são cruciais, e Altamira é um exemplo de como a sinergia entre recursos naturais e políticas públicas gera resultados”. Com a demanda crescente por proteína sustentável, a cidade tem potencial para ampliar sua participação no mercado interno e externo, especialmente com o tambaqui, produto símbolo da gastronomia e da economia paraense.

Enquanto Ipixuna do Pará surpreende com crescimento de 100,7% na produção, Altamira mantém sua relevância histórica, provando que a combinação entre tradição e inovação é a chave para o desenvolvimento da Amazônia.