Por: Jackson Dias

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)



Os dez municípios que compõem a região denominada Transamazônica e Xingu
receberam um valor de R$ 9.759.695 de royalties do bônus da assinatura da
cessão onerosa ocorrida no leilão do dia 06 de novembro. Os recursos foram
repassados para as prefeituras no dia 31 de dezembro.

Veja quanto cada município da região recebeu de
royalties pela assinatura da cessão onerosa.
Fonte:  Valores do Bônus de Assinatura da
Cessão Onerosa pelo Critério do FPM DEPOIS DO LEILÃO OCORRIDO EM 06 DE
NOVEMBRO DE 2019
O leilão das áreas do pré-sal foi duramente criticado pela Federação
Única dos Petroleiros (FUP), porque o governo Bolsonaro/Paulo Guedes queriam
leiloar vários campos com alta produtividade e com reservas comprovadas de 10
bilhões de barris. Segundo ex-dirigentes da Petrobras nenhuma nação do mundo,
com essa reserva comprovada de petróleo,  realiza esse tipo de
leilão. 
A cessão onerosa é um acordo feito entre o governo federal e a
Petrobrás, em 2010, que previa a produção de até 5 bilhões de barris de óleo
equivalente (boe) em sete campos do pré-sal da Bacia de Santos. No entanto, a
Petrobrás descobriu o triplo de petróleo nessas áreas. 
O que é o Pré-sal?
Segundo a Petrobrás “As descobertas no pré-sal estão entre as mais
importantes em todo o mundo na última década. Essa província é composta por
grandes acumulações de óleo leve, de excelente qualidade e com alto valor
comercial. Uma realidade que nos coloca em uma posição estratégica frente à
grande demanda de energia mundial.”
Para realizar a descoberta foi necessário muito investimento para a
pesquisa em parceria com as universidades e centros de pesquisas, bem como a
construção de sondas e navios e a contratação de muitos trabalhadores. Segundo
Sérgio Gabriele, ex-presidente da Petrobrás, durante a pesquisa para descobrir
o pré-sal o poço Tupi (rebatizado de Lula) na bacia de Santos foi investido
cerca de US$250 milhões. 
O alto custo de pesquisa é porque as reservas de petróleo ficam
localizadas em até 7km de profundidade do mar. 
O Petróleo do Pré-sal
tem que ser para a Soberania
O Brasil já tem reserva e produz petróleo da plataforma continental
(onshore), mas a descoberta de cerca de 200 bilhões de barris de petróleo no
pré-sal colocou o país como a 3ª maior reserva de petróleo do mundo, abaixo da
Venezuela e Arábia Saudita. 
A partir da descoberta do pré-sal, em 2006, foi preciso pensar como se
daria a extração e uma governança que atendesse aos interesses da população
brasileira em detrimento dos interesses dos grandes países capitalistas como o
Estados Unidos e países da União Europeia. 
Após pressão popular e intensos debates dentro do governo e no Congresso
Nacional foi aprovado a 
LEI Nº 12.351, DE 22 DE DEZEMBRO
DE 2010
 
que instituiu o regime de Partilha, esse regime
obrigava a Petrobras a ser operadora única em todos os contratos de exploração
de petróleo do pré-sal, bem como participação obrigatória  no mínimo de
30% em contratos para exploração de petróleo do pré-sal. Esse regime dava ao
Brasil um controle estratégico de suas reservas e produção de petróleo, bem
como era fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento da tecnologia
naval e de plataformas, gerando milhares de empregos muito bem
remunerados. 
Derrocada da
Soberania Nacional e Golpe de 2016
Não era novidade que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a Petrobrás
estavam sendo espionadas pelos Estados Unidos, o ex-agente norte americano
Eduard Snowden denunciou isso em entrevistas, vale a pena conferir o filme na
Netflix “Snowden: Herói ou Traidor” de 2016, com direção de Oliver
Stone. 
Diante da resistência do governo e da esquerda brasileira em abrir
espaço para petroleiras estrangeiras terem o controle total das reservas e
produção do pré-sal, alguns políticos como Eduardo Cunha (MDB) e José Serra
(PSDB), defensores dos interesses estrangeiros, pressionaram e aprovaram uma
nova política para o pré-sal, ao mesmo tempo que conduziram o processo de
impeachment contra Dilma.
Ainda em 2016 após a retirada de Dilma, a maior vitória dos políticos da
direita e centrão foi retirar a obrigatoriedade da Petrobras em ser a operadora
única e retirar a obrigação de 30% na participação dos contratos. 
Bolsonaro e Paulo
Guedes deram prejuízo para o Estado brasileiro. 
Sem a obrigatoriedade da Petrobras em ser operadora única e ter ao menos
30% da participação dos contratos, as outras grandes petroleiras viraram os
olhos para o petróleo brasileiro (recurso natural finito), assim o governo
Bolsonaro/Paulo Guedes lançaram um leilão da cessão onerosa colocando em
disputa cerca de 10 bilhões de barris de petróleo. O leilão aconteceu no dia 06
de novembro. 
Se em vez de leiloar o governo Bolsonaro contratasse diretamente a
Petrobras para explorar e produzir esses excedentes da cessão onerosa, as
receitas geradas seriam da ordem de R$ 1,106 trilhão, em valores atuais, para a
petroleira controlada pela União. E o Estado brasileiro poderia ter uma receita
líquida, em valor presente, de R$ 987,96 bilhões, conforme dados da Associação
dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).
Dessa receita, R$ 270 bilhões poderiam ser destinados a todos os Estados
e municípios, a partir dos critérios do Fundo de Participação dos Estados e
Fundo de Participação dos Municípios. No entanto, o leilão do dia 06 de
novembro foi desastroso para as intensões do governo, mesmo a Petrobras
participando de alguns contratos vencedores, o governo não conseguiu leiloar
todas as áreas pretendidas. 

Prejuízos para a
nossa região
Assim, ao invés de estados e municípios dividirem uma bagatela de R$270 bilhões, eles tiveram
que se contentar com cerca de R$11 bilhões, destes a metade ficou distribuída
entre os estados e a outra metade distribuída entre todos os municípios, de
acordo com os critérios do fundo de participação dos municípios (FPM). 
É importante ressaltar que esses recursos podem ser usados para o
pagamento da dívida previdenciária e são livres para investimentos, ou seja, um
dinheiro necessário para o uso de qualquer prefeitura, ainda mais várias
prefeituras da região do Xingu. 
Caso o atual governo não atuasse de maneira ideológica contra os
interesses da soberania nacional a assinatura da cessão onerosa poderia render
aos cofres dos 10 municípios da região Transamazônica/Xingu uma transferência
de cerca de R$240 milhões, no caso Altamira seria beneficiada com cerca de R$48
milhões, recurso que dentre outras coisas daria para fazer a ponte do Assuriní,
acesso que iria fomentar sem precedentes a economia da região. 
Conclusão
A participação da Petrobrás na cessão onerosa é fundamental em diversos
aspectos, destacando: A soberania nacional; contração de mão de obra e empresas
brasileiras; desenvolvimento da ciência e tecnologia em parceira com as
universidade brasileiras; risco pequeno de acidentes ambientais, aumento dos
royalties para os municípios, estados e união. 
Com informação de vários sites, destacando o site da Petrobrás,
Federação Única dos Petroleiros e Rede Brasil Atual. 

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